Farinha de Banana Verde Aliada contra o diabetes
Outra pesquisa realizada recentemente teve como objetivo
desenvolvedor uma nova forma de processamento de farinha de banana, de modo a
elevar o conteúdo de amido resistente após o processo de desidratação (secagem)
em relação aos produtos disponíveis no mercado. Isso porque a maioria dos
processos utilizados atualmente destrói grande parte do amido durante o
cozimento, no caso das farinhas. O estudo deu continuidade a uma importante
pesquisa realizada anteriormente, que mostrou que o amido isolado e a massa de
banana verde podem reduzir a quantidade de insulina necessária para manter os
níveis normais de glicose no sangue.
Durante o primeiro trabalho, realizado na Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) foram pesquisados
os efeitos locais e sistêmicos do amido isolado e da massa de banana verde no
organismo de ratos. Os pesquisadores, orientados pela professora doutora
Elizabete Wenzel de Menezes, contataram que ambas apresentaram elevado teor de
carboidratos não disponível e alto fermentabilidade, reduzindo o ph do
intestino grosso e gerando diversos benefícios para o organismo, como a
produção de butirato. Segundo a
professora o amido isolado de banana na possui de 80% a 90% de amido resistente
(base seca), enquanto a farinha de massa de banana verde apresenta apenas cerca
de 10% da substância, embora contenha significativa proporção de fibras
alimentares.
Este foi o ponto de
partida da doutora em Ciências dos alimentos da USP, Milana Dan, para
iniciar sua pesquisa com foco no
desenvolvimento de um produto proveniente da banana verde que apresentasse
maior conteúdo de amido resistente na composição.
“Queríamos melhorar a biomassa e desenvolver um produto
adequado para consumo humano, que tivesse a maior concentração possível de
amido resistente em sua composição final”, explica. Já era conhecido o fato de que a substância diminuía a
glicemia e promovia efeitos positivos no intestino de ratos,e o desafio era
mostrar a curva glicêmica após a ingestão de alimentos a base de farinha de
trigo e comparar com a curva após ingestão de farinha de banana
verde,comprovando a ação benéfica do alimento na diminuição do risco do
diabetes tipo 2. Além disso, foram realizados ensaios clínicos em voluntários saudáveis
para comprovação de efeito sobre o funcionamento intestinal,assim como sobre a
saciedade, através da liberação de hormônios gastrintestinais relacionados a
fome/saciedade.
Dependendo do grau de maturação da banana, observa-se mais
ou menos amido resistente em sua composição. Por meio de inúmeros testes e na
analises foi possível encontrar o tempo e a temperatura de secagens excelentes,
alem do momento exato para colheita da fruta-definida por meio de um conjunto
de fatores, como o diâmetro -, o que resultou em uma farinha com cerca de 50%
de amido resistente.
“A cor verde se mantém durante um longo período, mas as
propriedades vão se modificando internamente. Este é justamente o ponto
principal de nossa patente, pois encontramos o momento correto para colher e a
maneira que acreditamos ser a melhor para processar e desidratar a fruta, de
forma que preserve o Maximo possível suas propriedades”, acrescentam a
pesquisadora Milana Dan.
A diferença nutricional entre a biomassa e a farinha de
banana verde se dá no processamento, pois durante o cozimento para preparo da
biomassa, o amido gelatiniza e deixa de ser resistente. Já a farinha é
desidratada crua, com controle de temperatura durante a secagem, o que garante
um produto final superior. A nutricionista acrescenta que um dos grandes
problemas enfrentados durante o trabalho foi em relação ao rendimento, pois 70%
da banana verde é formada por água e,sem a casca ,acaba sobrando apenas 13% do
volume original.
“Ainda assim o projeto tem um viés muito forte de
sustentabilidade “, garante.
No momento,esta sendo concluído um ensaio clinico no qual os
voluntários (adultos saudáveis) consumiram sopas adicionadas da farinha da
banana verde três vezes por semana,durante dois meses ,para avaliar o efeito
sobra a resposta plasmática de hormônios gastrintestinais relacionados com
saciedade e funcionamento intestinal,bem como mudanças na microbiota.